quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Querido Diário #2 - Adeus Ano Velho...

2009 foi um ano de crises. Todo tipo de crise. Familiar, de relacionamentos, existencial, etc... Não foi muito bom em muitos aspectos, foi bom em alguns...
Muitos dos dias foram simplesmente passados, como se nem essistissem. E eu passando por eles como que só pra cumprir tabela. Eu boto a culpa em tudo, mas em quase tudo a culpa é minha.
No final do ano passado, eu dava tudo para esse ser um excelente ano, mas isso foi tudo que ele não foi. Claro que não há só pontos ruins, mas...
Não esperava nada de nada e não fazia por merecer. Esperava que tudo caísse do céu, como eu achava que deveria ser. Mas assim não é e assim nunca será. Se eu quero ser alguém, eu tenho que me fazer alguém e não esperar que outro chegue só pra dizer o alguém que eu sou.
Se 2009 foi um ano de crise, espero que o seguinte seja um ano promissor. Digo isso só porque um pouco de otimismo de vez em quando é bastante saudável. E porque eu quero que seja também.
E se qualquer um perguntar, eu digo. Que venha 2010.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Mais um Poema Depressivo

Não sou poeta, não são cantor
Não sou pintor, nem cineasta
Não sei tocar, não sei atuar
Não desenho, não componho

Só acompanho o sonho alheio
Sou um estranho estrondo calado
Sou um forte caído e feio
Sou nada longe do teu lado

Se um dia voltares,
Manda me avisar, pois
Quando eu ver que não tem volta,
Eu vou pra não voltar depois...

Uma Carta

Parei de tentar ser o melhor já faz bastante tempo. E eu botei a culpa toda em você. Eu não fiz nada certo. E nem fiz tudo que devia ter feito. Nós dois andamos na corda bamba. E eu caí. E falei para o vento que você me empurrou, mas você só estava tentando seguir em frente.

Nós dois costumávamos nos dar bem. E ainda talvez nos demos, mas precisamos de uma folga. Eu tenho problemas, você tem problemas e tantos problemas escondem todas as chaves dos baús. Esperar a tempestade passar nos permitiria ver melhor e não correr o risco de ser atingido por um raio.

Talvez frequentar novos ambientes, conhecer pessoas novas, fazer algo que nunca tenha feito sejam atitudes a se considerar, ou melhor, a se tomar. Eu nunca fui muito bom em conversar, mas espero que você entenda que não é só com você. Se eu lhe evito, é por constrangimento.

Quando eu voltar a tentar ser o meu melhor, e espero conseguir, você vai ficar sabendo antes de qualquer outra pessoa. Pode demorar, ou não, mas só o tempo pode dizer. E o tempo não corre igual para todo mundo, espero que compreenda.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Boca Grande

Hoje acordei
com vontade de falar com você
Cara a cara, olho no olho
Como as pessoas normais fazem
Mas olhei para o lado
E você não estava mais
Ao meu lado

Hoje acordei
querendo muito ouvir de você
uma palavra de conforto
Não me sentia lá bem
Mas olhei para o lado
E você não estava mais
Ao meu lado

Eu falei coisas que queria falar
Mas não devia
Eu falei tudo que podia falar
Mas não devia
Eu devia só ter ficado calado
Se minhas palavras só fazem destruir
Eu opto pelo silêncio então

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Querido Diário #1

Hoje não fiz nada o dia inteiro. Tirei a poeira do meu videogame, peguei aquele jogo que eu adoro e passei o dia apertando botões.
E -imerso naquele mundo de fantasia, onde você é o herói destemido, disposto a ajudar a todos que precisam, aquele para quem todos abrem suas portas, que vai do pântano mais imundo à montanha coberta da neve mais fria para defender os ideais- eu esqueci de tudo.
Esqueci de todas as dúvidas que alimentam o medo, todas as questões que faltam ser respondidas, todas as pessoas que cospem julgamentos quando só se quer um pouco de compreensão, todos os quilômetros que separam o amigo mais querido.
É muito mais fácil quando se está num pedestal.
Por enquanto, prefiro ser o herói.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Estudando Voluntariamente a Geologia dos Campos Santos

Rabiscava eu, andando na rua
Quando decidi me suicidar
Me atirei, lá naquele imenso mar
Voei remoendo a culpa que era tua

Mas enquanto caia eu, pra cima
E aquele mundo todo, pregado
Fiquei pensando, encafifado
Por que não tinha achado uma rima

E entre as ondas de algodão doce
Cada vez mais acima, diamantes
O que logo ficou conhecido por noite

Mas logo essa tal morte, não bastante
Fez-se nada, e a alvorada me trouxe
E eu tive que levar minha vida adiante

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Declarações Aleatórias #13

Quero não fazer nada por um tempo só pra não ter a desculpa da falta de tempo...

domingo, 22 de novembro de 2009

Declarações Aleatórias #12

Eu boto a culpa na cidade, mas a culpa é toda minha.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Tome Nota

Não pense que é fácil assim
Ter todas as escolhas na sua frente
Você tem tudo do que precisa
E você não precisa de mim

Não pense que é fácil assim
Conhecer uma face do cansaço
Você tem de tudo que quer
E você só não quer a mim

---

Eu não estou te seguindo
Eu só pego o mesmo caminho
Que você

Eu não quero carinho
Aquela vez eu só estava rindo
De você

Não estou te ignorando
Só não quero falar por enquanto
Com você

Vou dizer que não te amo
Mas não pense que é pra tanto
Quando você
faz tudo aquilo de novo
com aquele olhar
como quem não quer nada

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Uma semana é tempo demais

Uma semana é tempo demais
E eu nem perguntei o seu nome

Uma semana para lembrar
Mas eu esqueço
Todas as notas da melodia
Se perdem na escala
errada
Como o grito de agonia
Aquele que mereço
Ouvir
Gritar
Sentir

Pois na polirritmia
Que cantam todos os corações
O meu não canta
O meu não bate
Não é pra tanto
Mas é escasso
Mas foi partido
E o último traço
Do que já aqui estava
Ficou esquecido
Na semana passada

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Cuma?

Todos os pontos pontuam em um ponto
Estando ou não num canto
Canto tanto em prantos
Te deixando esperando

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Dia de Finados

andando sobre o passado no dia de finados,
vejo tanta cera derramada em outros feriados

e, de uma lágrima caída nasceu uma mangueira
que deu sombra a uma geração inteira

e eu?
continuo esperando pra sempre o futuro chegar

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Hiatus

Cansei de blog.
Pausa por tempo indeterminado.

domingo, 6 de setembro de 2009

Bloqueio Criativo

Por algum motivo que desconheço, a chuva me dá uma sensação boa. Talvez seja por sua brisa de conforto, seu frio que chama pra cama, sua umidade que quebra o ar seco da cidade...
E essas duas, três frases nem ao menos ficaram razoáveis.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Declarações Aleatórias #11

Blogs não são feitos para textos grandes.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Escrevi um Poema

Escrevi um poema
Que falta ser lapidado
Não é só preto
Tem todas as cores
Eu queria que fosse um soneto
Com seu amor multifacetado
Que contesse todas as dores
Mas o problema
É que eu sou sintético
Todas as dores não dá
Mas se fosse poético
Daria uma patada
Diria que é estético
E continuaria sem rimar
E publicaria a postagem
Mas isso é viagem
Essa foi forçada
Mas nem importa
Pois a rima torta
É por falta de amar.

sábado, 29 de agosto de 2009

Morte

Nunca foi costume meu ler biografias. Sempre fui muito egocêntrico e ler sobre a vida de uma pessoa muito mais interessante que eu não me era algo muito agradável. Mas aquele que desde antes já era meu ídolo, foi me envolvendo de tal maneira que eu não consegui mais parar. Todas as brigas e reconciliações me tocavam como se tivessem acontecido a mim, a um amigo ou a um familiar.

Mas então chegou o desfalque. As últimas 30 páginas do livro simplesmente não estavam lá, como se não fizessem parte do livro. Um buraco. E eu teria de entrar em contato com a editora e esperar até conseguir trocar para acabar de ler.

Nesse meio tempo, li outros livros, vivi outras histórias. Reais ou não. E quando chegou o livro completo, aquela bíblia que eu já tinha devorado quase por completo, menos aquelas 30 páginas que agora estavam presentes, fiquei com medo. Não consegui.

Mas um dia eu criei coragem. Sentei para ler aquelas derradeiras páginas. Num virar de página, assassinato, covardes tiros nas costas. Morte. Nunca mais. Eu não queria ter chegado a isso. Esperava que evitando, isso poderia talvez nunca ter acontecido. Mas aconteceu. John morreu.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Declarações Aleatórias #10

Falta de inspiração é só uma desculpa pra eu não ter que atualizar.
É isso que eu sou: Um preguiçoso.

domingo, 23 de agosto de 2009

Fim de Domingo

Estava eu em um daqueles dias que não se ri de video-cassetadas. Nem de nada. Um daqueles em que só se quer dormir pra ver se consegue rir das cassetadas no dia seguinte. Mas segunda-feira não tem vídeo-cassetadas.

domingo, 16 de agosto de 2009

Poema claro, curto, de título grande e que foge à própria regra

Meus poemas
e prosas
podem ter um bom
começo
um meio
razoável
mas não tem fim.

Não sei até onde isso é bom
e até onde é ruim.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Carta do Vento

E somos todos feitos de vento, essa massa invisível e inconstante que circula diante de teus olhos, entre teus dedos, em todo lugar que te cerca e além.

E sendo vento, às vezes mudamos direção, mudamos humor, mudamos o que trazemos e mudamos o que levamos. E sendo vento, não temos, apenas carregamos. Quando somos brisa, trazemos a refrescância de um litoral. Quando somos furacão, levamos tudo que há de mais valioso. Para sempre.

E como vento, ventamos a todos os lugares. Alcançamos até o mais distante horizonte sem nunca precisar tocá-lo. A aparente frustração, é, na verdade, nossa maior realização. E como vento, e como ventamos... Circulamos...

E somos todos feitos de vento. Vendo que não nos satisfaz a restrição do espaço, espaçamos. Não se contentar com o que nos é mostrado é nossa natureza. E, como vento, nos vamos. Vamos ventando, vês? E isto é um adeus... pra sempre...

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Declarações Aleatórias #9

Eu tinha pensado antes em chamar o blog de Si Bemol.
Mas vejo hoje que mi menor faz bem mais sentido.

Planalto

O que vou dizer aqui não é nada de novo. Se você é daqueles que só gosta de ler novidades ou está aqui esperando um texto com uma idéia genial e inovadora, melhor desistir. Tire essas pré-disposições da cabeça, pois você vai se frustrar. Ou melhor, pare de ler agora mesmo. Nem vale a pena continuar daqui.

Olha, eu avisei!

Há uma cidade louca no meio do 'deserto'. A "prisão ao ar livre", de acordo com Clarisse Lispector. A cidade do céu imenso e do horizonte infinito. A cidade do concreto branco e da luz estourada. A síntese das qualidades e dos defeitos do povo brasileiro elevada de uma forma que parece ser caricata. Uma cidade onde tudo é longe, mas parece perto. Uma cidade fria que parece acolhedora. Uma cidade solitária. Uma cidade que se defende, somente. De uma ameaça que às vezes nem vem. E nem virá. Uma cidade de cilma seco, mas capaz de temporais. Cidade de um céu oceânico e de oceano distante. E muito distante.

Mas, por algum motivo, a cidade deixa um pouco de saudades, mesmo quando você sai só um pouquinho.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Escrever pra quê?

A gente escreve pra lembrar.
A gente escreve pra esquecer.
A gente escreve pra desabafar, pra deixar pra lá
sem deixar.
A gente faz o que for capaz.
A gente escreve pra se sentir.
A gente escreve pra esculachar.
A gente escreve pra iluminar aquele caminho
que já é claro.
A gente escreve pra tentar.
A gente escreve pra se inspirar.
A gente escreve quando já está todo inspirado,
talvez não.
A gente escreve pra aparecer.
A gente escreve pra mostrar
para todo esse mundo afora logo saber que
estamos lá

No fim das contas,
a gente escreve pra ser
pra sempre.

sábado, 11 de julho de 2009

Brasília em Julho em Brasília

Brasília em julho tem um cheiro específico. Algo meio gelado-seco-nostálgico. Me tirem de órbita, não me digam a data e quando voltar, pelo cheiro, saberei se é julho em Brasília.

Eu fico pensando em todos os anos que passaram. Desses 19 julhos de existência, acho que pelo menos uns 12 eu passei em Brasília. Julhos de viagens a Valparaíso. Julhos de jogar Pokémon Blue (e logo, Pokémon Silver) nos GameBoys dos primos. Julhos de dizer que você tem 8 anos na entrada do Zoológico quando, na verdade, tem 12. Julhos de ir pra Apcef e queimar o pé no gramado sintético pensando que nem esquenta. Julhos de ir pra Taguatinga e tomar Guaraná Antártica só pra pegar o Pokémon que vinha na tampinha (Pokémon era recorrente, hehehe). Julhos de curtir a comida da avó feita especialmente pra você. Julhos de jogar Nintendo 64 no apartamento do meu primo que ainda não se mudou. Julhos de brincar de caça ao tesouro embaixo do bloco. Julhos de jogar o jogo do Mickey no Super Nintendo. Julhos de ir pro Parque da Cidade e brincar no foguetinho e comer algodão doce. Julhos de ainda ter tamanho pra entrar na piscina de bolinha do Mc Donald's. Julhos de ficar ao redor na fogueira na fazenda do tio porque faz um frio Alascal. Julhos de viajar uma semana antes do meu irmão porque ele pegou catapora. Julhos de voltar uma semana antes do irmão porque eu peguei catapora. Julhos de ver a Ivete Sangalo desembarcando do avião em que você vai embarcar. Julhos de achar que tudo é imenso e que a cidade é mágica.

Julhos de uma nostalgia barata mas que faz questão de tocar no fundo do peito quando se lembra que eles nunca vão voltar.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Divagações Aleatórias #1

Se a roupa tradicional da mulher fosse a calça e o vestido fosse uma vestimenta revolucionária, como seriam as plaquinhas dos banheiros?

Não-soneto

Nos últimos cinco dias
pensei poder fazer
tudo que eu demoraria
cinco anos, mas você
e sua mente fria
disse "eu não sei..."

As últimas duas horas
Foram horas a mais,
correm soltas afora
E esquecem que, aliás,
Nosso amor foi embora
Mas sobra "mas"

Os últimos segundos
Sorrateiros e desvairados
Feios e imundos
São a lembrança árdua
De que todo o mundo
Não esperará-nos

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Mágoa

Você, que não queria, mas
Que arrumava qualquer motivo
Pra fazer uma briga
Ou uma intriga

Saiba que você perdeu
Quem procura motivo pra briga agora
Sou eu

domingo, 21 de junho de 2009

Declarações Aleatórias #8

Vou procurar nos lugares pra ver se me encontro por aí...

segunda-feira, 15 de junho de 2009

"no one, I think, is in my tree"

Meu filme não está sendo visto
Meu livro não está sendo lido
Meu disco não está sendo ouvido

Quando você não sobressai em nada
E espera pra ver se algo acontece
E não resiste àquela vontade louca
De ouvir Strawberry Fields Forever

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Declarações Aleatórias #7

Acho engraçado quando meu violão está em um canto do quarto e ressoa com a minha voz.

sábado, 6 de junho de 2009

Poesia


penso em desenhar
Upload feito originalmente por pedrosuim
Um dia sem lápis,
sem papel
ou sem meu violão

é um dia morrido

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Declarações Aleatórias #6

Depois de muito refletir, cheguei a uma conclusão: os Beatles na primeira fase da carreira eram tão...
simétricos.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Declarações Aleatórias #5

Às vezes acho que só escrevo alguma coisa pra encher buraco ou pra dizer que eu postei algo novo.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Hello-Goodbye

Meu maior medo em dizer olá
É chegar o momento de dizer adeus

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Refluxo

É um refluxo descontínuo de palavras
Vomito-as por intervalos irregulares
Uma junção e disposição mal-feita
De letras que fedem a esterco

É um refluxo descontínuo desarmonias
Acordes quebrados, notas desafinadas
Seguem em linda e perfeita dessintonia
Com todos os alegres descompassos

Sem fluxo, nem refluxo
E você também
Não desejo a solidão a ninguém

domingo, 24 de maio de 2009

Branco

Quando você percebe que são colegas
seus amigos
é quando você percebe que é sozinho?

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Título

Uma manhã entrou pela porta dos fundos, como uma brisa repentina, mas parou. Parou e foi embora como se não tivesse chegado. Todos aqueles segundos de manhã se foram e agora é tarde. O memorial de um ato heróico de um herói inventado enfeita as testas daqueles que não sabem aonde olhar. As íris mais belas enfeitam o canto da sala de estar. As notas mais belas enfeitam o canto da sala de estar. Ponto, parágrafo.

A letra que nunca foi escrita, a melodia que nunca foi composta, o som que nunca foi feito, o coração que nunca foi visto foi esfaqueado no peito e agora resta uma lacuna no peito do coração. Todas as folhas secas de árvores que ainda não caíram esperam para cair. E não vão cair tão
cedo, pois ainda esperam crecer. Rastejam. São árvores? Ponto, parágrafo.

Um instante... Ponto, parágrafo.

Todo o conceito subliminar de algo tão evidente agride o trauma de um crânio privilegiado. Todo o conceito evidente de algo tão subliminar agride o trauma de um crânio tão tosco. Todo o trauma tosco também está em tratamento. São pontos que merecem ser tratados antes que reste um só ponto. Ponto, parágrafo.

O ponto que resta é a canção que nunca foi cantada, pois sua melodia nunca foi composta em cima de uma letra que nunca foi escrita. Ficou a canção. Ficou a canção. Ficou a canção. Ela não inexiste. Ela não "não existe". Ela está lá. Escondida, ao fundo da lacuna do peito do coração. É simples. Nada que existe vai vir a inexistir, assim como nada que inexiste vai vir a existir. Ponto, parágrafo.

A canção existe. Ponto, parágrafo.

A canção que vem aos ouvidos não é de verdade. Não é. Não há quem a possua, não há quem a impeça. Não. Nem a canção que vai, nem a canção que poderia ter ido. Mas esta é de verdade. Um barulho, um grito, um silêncio antes do fim. Por que silêncio? Ponto, parágrafo.

O silêncio que veio antes do fim, não depois, é a manhã que poderia ter vindo como uma brisa repentina pela porta dos fundos ou folhas secas. Perto do fim. Todo fim tem um começo. Todo fim é um começo. Todo começo também é um fim. O fim do fim é um começo. E o começo do fim... é o começo do fim. Que será um começo. Outro começo. Ponto final, ou melhor, inicial.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Máximas do Meu Egoísmo - II

II

Eu sou tão egocêntrico que, se eu fosse uma linguagem, eu seria a metalinguagem. Costumo dizer que sou o melhor uso da metáfora e o pior uso da metonímia, mas eu sou a metalinguagem. Definitivamente.

Máximas do Meu Egoísmo - I

I

Eu tenho um sério problema. Não consigo escrever períodos longos. Viu só? Já estou terminando o quarto. Talvez se eu tivesse usado dois pontos, não um ponto só no fim do primeiro, eu estaria escrevendo o quarto e não o quinto, mas então não exestiria este período relativamente extenso terminando este comentário.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Trinta minutos e duas elipses sentado no chão

Parei e sentei naquele lugar onde não seria qualquer um para me achar, somente alguém que soubesse quem e onde procurar. Era o que eu queria, mas era improvável que acontecesse. Um, quatro, quatro, um, um, quatro, quatro, um.

Foi quando nada aconteceu. Aquele funcionário que não passaria não passou. Aquela conversa distante que não cessaria não cessou. Aquela paz que não inundaria o meu ser não o inundou. Espirais e coberturas. Sorvetes, prédios e segundo andar.

Meu lápis parou. Econtra-se aqui uma elipse de duas horas, no mínimo. Palavras que não viriam a ser escritas não foram escritas. Um buraco. Palavras que não viriam a ser faladas não foram faladas. Outro buraco. E assim ficou. Mais buraco. Javali e borracha na ponta oposta à ponta do lápis.

Outra elipse. Não contei, dessa vez, quanto tempo passou. Talvez tenha sido uma elipse psicológica. Talvez se passaram dois segundos, mas me durou uma eternidade. Corredor. O que corre e o de correr. Fluxo interminável de palavras num pedaço de papel.

Estava parado naquele lugar onde alguém me acharia, mas ninguém me achou. Noto aqui uma quebra de padrão. Talvez esse ninguém seja um cara legal. Pode ser que alguém com quem eu deva fazer amizade. Pelo menos por enquanto.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Poema Breve, em Redondilhas Menores e Rápidas e Metalinguístico

Fazer redondilhas
Trabalho difícil
Cuidado co'as rimas
Olhar bem o ritmo

Com versos bem rápidos
E organizados
Talvez seja o máximo
E tome cuidado

Pra não ficar tosco
Ou mal 'laborado
Co'um pouco de esforço
E ao seu agrado

Mas chega o final
Já sei como é
Eu vou dizer tchau
E então dar no pé

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Fragmento

Isso que ela faz comigo,
é a única que entende,
única que dá ouvido
ao que não se está dizendo

Isso que ela diz pra mim:
nada e tudo ao mesmo tempo,
sem início, e nem fim,
nem o antes, só o momento.

Isso que nós nos dizemos
sem dizer uma palavra.
Sílabas soltas ao vento
aquilo que mais me agrada.

Visto que ela está indo
para não voltar agora,
são saudades no caminho,
são saudades no meu cuore.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Omnia Vincit

Ele nasceu no Rio de Janeiro, já morou nos Estados Unidos, passou a adolescência em Brasília. Já ficou seis meses em uma cadeira de rodas e teve uma banda de rock imaginária. Já viajou pelo Brasil todo. Teve amores e teve AIDS. Parou de respirar aos 36 anos, mas nunca deixou de viver.

Em plena ditadura militar, fez retratos sonoros de uma juventude inconformada. Compôs hinos usados até hoje contra a sujeira dos governantes. Mas também falou de angústia, amor, tristeza, felicidade, saudade, esperança, solidão, decepção, sexo, drogas e rock 'n roll.

Tinha multidões de fãs. Mas era só. Tão só quando podia ser. Teve um filho que não pôde ver crescer direito. Teve namorados também. Foi feliz. Mas nunca por períodos muito longos. Tinha esperança. Sim, isso é o que mais tinha. Queria mudar o mundo. Conseguiu?

De seu pai herdou o nome Renato. De seu filósofo favorito tirou o nome com que entrou para a história. E para corações. "O homem é bom. A sociedade o corrompe". A sociedade conseguiu o corromper? Não que haja alguém insuscetível, mas o mito de Renato Russo não é algo que vai embora assim.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Declarações Aleatórias #4

Às vezes, quando eu não estou com paciência para uma coisa muito comprida, tento vários curtinhas e costuma dar certo.

domingo, 5 de abril de 2009

Vento

Trago vida, trago morte
Novidades, esperança e perdição
Entro por tuas entranhas e danço
Canto
Meio
Fim
Trago nada, trago sorte
Trago fogo, vida, água
Te sujo e te lavo logo
Trago água, vida, fogo
Fogo?
Movo?
Saio de tuas entranhas e entro de novo
Novo?
Sim
Não
Sim
Não?
Sim!
Fim

sábado, 4 de abril de 2009

Mia

Olha! O que é isso?
Estão brincando de alquimia
E transformar ouro em lata
É sua aventura favorita
E não há porque fazê-los parar

Ó! Pobre Mia!
Ó! Pobre Mia!

Maior folia
Vaza e chia
O cão latia
E a gata mia
Mia mia
Miau...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Amassado

Ali estava. Marcado para sempre. Sua existência se dividia entre até aquele momento e daquele momento em diante. Não era como se precisasse de ajuda ou coisa assim. Simplesmente pensava que aquilo poderia ser ou não um ponto final.

Achava que podia ser tudo. Serviria para escrever documentos e declarar ultimatos. Teria a função de juntar um casal separado. Poderia dar a volta ao mundo e dificilmente seria notado. Ah! Se tivesse acreditado...

Agora se encontrava na frente de uma sala de aula lotada, à vista de todos que estivessem lá para ver. Portava um texto dificilmente inteligível. Porém, como dito, estava marcado. Dobras disformes e aleatórias percorriam o corpo delgado e o deformavam. Mas estava lá para fazer e faria o que deveria ser feito.

Ainda estava estático. Logo faria um ato heróico ou seria mais um pedaço de lixo. Descobriria em uma fração de segundo. Eu só espero que o leitor não pense que o personagem deste texto foi todo o tempo aquele pedaço de papel que acabara de ser amassado. Ou talvez sim.

terça-feira, 31 de março de 2009

Declarações Aleatórias #3

Todas as pessoas normais do mundo estouram a mizinha. Aliás, ela costuma estourar bastante. Você pisca e POW, lá se foi a pobre mi.
Mas eu, como todo bom gênio, estourei a si. Pelo menos não foi a mizona...

sábado, 28 de março de 2009

Declarações Aleatórias #2

É mais fácil você achar a chave do carro (que você provavelmente esqueceu dentro da geladeira) do que achar o achado fonte.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Céu

Tem dezenove anos. Não sabe o que quer. Sabe apenas o quão rápido pode dar a volta na sua quadra. Corre religiosamente, todos os dias às oito horas da manhã, como se fosse a única coisa em que acreditasse. A propósito, não sabe também em que acredita. Tantos deuses passaram por sua vida...

Conheceu deuses que eram tão bons que causaram conflitos e guerras. Outros que eram ainda melhores e traziam doenças e pestes. Talvez o melhor tenha sido aquele que amava, mas esse nunca chegou a ver.

Pensa nisso sempre que corre. Ou melhor, pensava. Agora, tem a corrida como sua própria crença. Aquilo que faz se sentir bem. Pena que o mundo não concorda. Vai pro inferno. Corrida não dá céu pra ninguém.

quinta-feira, 5 de março de 2009

terça-feira, 3 de março de 2009

Sina

Eles dizem para você seguir seus sonhos, acreditar em si mesmo
Então, do nada, nada disso foi verdade.
Por um instante, você volta a acreditar, você consegue sim.
E, de repente, todo mundo começa a confirmar,
Eles torcem por você, te dão confiança, te fazem crer!
Mas então vem um puxão de tapete enorme.
E você fica lá, no chão.
No chão.
Chão.
E só resta esperar.
Esperar.
Mais...