quinta-feira, 30 de abril de 2009

Poema Breve, em Redondilhas Menores e Rápidas e Metalinguístico

Fazer redondilhas
Trabalho difícil
Cuidado co'as rimas
Olhar bem o ritmo

Com versos bem rápidos
E organizados
Talvez seja o máximo
E tome cuidado

Pra não ficar tosco
Ou mal 'laborado
Co'um pouco de esforço
E ao seu agrado

Mas chega o final
Já sei como é
Eu vou dizer tchau
E então dar no pé

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Fragmento

Isso que ela faz comigo,
é a única que entende,
única que dá ouvido
ao que não se está dizendo

Isso que ela diz pra mim:
nada e tudo ao mesmo tempo,
sem início, e nem fim,
nem o antes, só o momento.

Isso que nós nos dizemos
sem dizer uma palavra.
Sílabas soltas ao vento
aquilo que mais me agrada.

Visto que ela está indo
para não voltar agora,
são saudades no caminho,
são saudades no meu cuore.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Omnia Vincit

Ele nasceu no Rio de Janeiro, já morou nos Estados Unidos, passou a adolescência em Brasília. Já ficou seis meses em uma cadeira de rodas e teve uma banda de rock imaginária. Já viajou pelo Brasil todo. Teve amores e teve AIDS. Parou de respirar aos 36 anos, mas nunca deixou de viver.

Em plena ditadura militar, fez retratos sonoros de uma juventude inconformada. Compôs hinos usados até hoje contra a sujeira dos governantes. Mas também falou de angústia, amor, tristeza, felicidade, saudade, esperança, solidão, decepção, sexo, drogas e rock 'n roll.

Tinha multidões de fãs. Mas era só. Tão só quando podia ser. Teve um filho que não pôde ver crescer direito. Teve namorados também. Foi feliz. Mas nunca por períodos muito longos. Tinha esperança. Sim, isso é o que mais tinha. Queria mudar o mundo. Conseguiu?

De seu pai herdou o nome Renato. De seu filósofo favorito tirou o nome com que entrou para a história. E para corações. "O homem é bom. A sociedade o corrompe". A sociedade conseguiu o corromper? Não que haja alguém insuscetível, mas o mito de Renato Russo não é algo que vai embora assim.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Declarações Aleatórias #4

Às vezes, quando eu não estou com paciência para uma coisa muito comprida, tento vários curtinhas e costuma dar certo.

domingo, 5 de abril de 2009

Vento

Trago vida, trago morte
Novidades, esperança e perdição
Entro por tuas entranhas e danço
Canto
Meio
Fim
Trago nada, trago sorte
Trago fogo, vida, água
Te sujo e te lavo logo
Trago água, vida, fogo
Fogo?
Movo?
Saio de tuas entranhas e entro de novo
Novo?
Sim
Não
Sim
Não?
Sim!
Fim

sábado, 4 de abril de 2009

Mia

Olha! O que é isso?
Estão brincando de alquimia
E transformar ouro em lata
É sua aventura favorita
E não há porque fazê-los parar

Ó! Pobre Mia!
Ó! Pobre Mia!

Maior folia
Vaza e chia
O cão latia
E a gata mia
Mia mia
Miau...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Amassado

Ali estava. Marcado para sempre. Sua existência se dividia entre até aquele momento e daquele momento em diante. Não era como se precisasse de ajuda ou coisa assim. Simplesmente pensava que aquilo poderia ser ou não um ponto final.

Achava que podia ser tudo. Serviria para escrever documentos e declarar ultimatos. Teria a função de juntar um casal separado. Poderia dar a volta ao mundo e dificilmente seria notado. Ah! Se tivesse acreditado...

Agora se encontrava na frente de uma sala de aula lotada, à vista de todos que estivessem lá para ver. Portava um texto dificilmente inteligível. Porém, como dito, estava marcado. Dobras disformes e aleatórias percorriam o corpo delgado e o deformavam. Mas estava lá para fazer e faria o que deveria ser feito.

Ainda estava estático. Logo faria um ato heróico ou seria mais um pedaço de lixo. Descobriria em uma fração de segundo. Eu só espero que o leitor não pense que o personagem deste texto foi todo o tempo aquele pedaço de papel que acabara de ser amassado. Ou talvez sim.